O balanço
Deu no @jornalvalor de ontem (27/12): “Se a visão dos economistas de mercado se comprovar correta, o Banco Central vai deixar a Selic parada por um bom tempo nos atuais 13,75% antes de dar início a um processo de flexibilização. Na mesma matéria, a visão mais otimista dentro de mais de uma centena de casas e analistas do setor, sugere um final de 2023 com uma taxa na casa dos 12,75%. E por que eu introduzo meu texto com números tão áridos e nada auspiciosos?
Vamos lá…
O ano de 2022 foi um ano acima de qualquer previsão otimista. Depois de um ano de ressurgimento em 2021, onde o setor cresceu 9,7%, esperava-se um 2022 de aumento bem menor, na casa dos 3,5%, porém está sendo um ano para se comemorar, pois conseguimos crescer acima de 7% no PIB setorial, segundo as previsões de fechamento mais realistas, baseado essencialmente no segmento de edificações residenciais, em especial de alto e médio padrão e obras comerciais.
E por que surpreendemos? Vários motivos explicam, sendo eles: desaceleração da inflação do setor, oferta de crédito imobiliário, mudança das regras e condições de financiamento popular e principalmente porque ainda vivemos o resultado da taxa de juros baixas que até março de 2021 estavam na casa de 2%, permitindo um boom de lançamentos a época e que continuam sendo construídos e deverão ser entregues em sua maioria no ano de 2023 e alguns em 2024.
Dentro dessa lógica, esse ano teve um menor nível de lançamentos que o ano anterior, pois com taxa de 13,75%, o nosso setor que vive essencialmente de crédito e apresenta baixa rentabilidade por negócio, projetos que estavam em andamento não foram viabilizados, e isso fez com que muitos voltassem para as gavetas. Além disso, a insegurança de um ano de eleição e o reflexo da inflação recente, fizeram com que o público se afastasse do estoque existente, determinando uma baixa procura no setor imobiliário.
Com isso, já esperamos um 2023 com crescimento baixo, com alguma esperança de pequena melhora no caso de o próximo governo cumprir a promessa de incentivar e investir no setor de moradias populares, trazendo algum alento para o grupo que mais sofreu com a inflação dos insumos da construção civil e a perda de renda da população. Porém longe de ser alguma solução para recuperarmos os indicadores ou mantermos um período de crescimento saudável.
Enquanto o mercado financeiro conseguir melhores resultados com a diferença entre inflação (já baixa) e taxa de juro (ainda alta), o nosso setor sofrerá com baixo nível de lançamentos, menor acesso ao crédito saudável e menos pessoas interessadas em um compromisso financeiro de longo prazo.
Transformando o ano de 2023 em um ano de baixo crescimento.